O Ministério Público, inconformado com o veredicto proferido pelo Conselho de Sentença formado para o julgamento do réu Valton Antunes Bento, que o absolveu da tríplice tentativa de homicídio qualificado perpetrado contra a ex-companheira e os dois filhos desta, bem como da tentativa de aborto sem o consentimento da gestante, informa que vai recorrer às instâncias superiores para anular o julgamento por ter sido a decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos.

Causa indignação o fato de o corpo de jurados não reconhecer a manifesta intenção homicida do réu, que invadiu a casa de sua ex-companheira durante a madrugada e desferiu tiros contra os dois filhos desta, incluindo a filha grávida de 9 meses à época, que teve de ser levada às pressas para Goiânia, correndo risco de morte. Após, o réu ainda arrastou a ex-companheira para o matagal próximo à casa, na posse de arma de fogo e arma branca, somente liberando esta após a intervenção da polícia militar.

Da mesma forma, os jurados incrivelmente não reconheceram a clara tentativa de aborto, visto que a gestante recebeu dois tiros, fato este que nitidamente colocou em risco a vida do bebê.

Causa espécie, também, o fato de os jurados nem mesmo reconhecerem a lesão corporal patente de uma das vítimas, que permanece com o projétil de arma de fogo alojado em sua perna até os dias atuais, mais de dois anos após o ocorrido. Quanto a este fato, nem mesmo a defesa pugnou pela absolvição, o que torna o julgamento nulo, por não encontrar nenhum embasamento na prova produzida.